domingo, 1 de fevereiro de 2009

OPERETA CARIOCA

É muito interessante a forma de se contar uma história bastante real, em qualquer lugar do Rio de Janeiro, sobre o relacionamento entre um malandro e uma mulata. O encanto inicial, a côrte, o chegar junto, o namoro, casamento e o ciume. As brigas, as cobranças, as ameaças e a separação. Por fim, o re-encontro e o final feliz. Pronto. Está dito o que é a peça. O melhor de tudo é contar isso com as músicas, sambas, partidos altos, pagodes e tudo q seja possivel de ser tocado em uma roda de samba. A seleção musical não podia ter sido mais atual e bem escolhida. Sambas que nossos avós e nossos filhos cantavam, e agora cantam, são muito bem executados pelos cinco músicos que acompanham os atores cantores. Diga-se de passagem, um ecelente grupo de músicos. A peça-musical lembrou-me muito "Sassaricando" e "Beatles num céu de diamantes". Todas sem texto, mas as músicas falam por si só.

Soraya Ravenle e Gustavo Gasparani têm um casamento tão feliz no palco que a platéia fica babando pela qualidade vocal e corporal da dupla. Soraya canta que é uma beleza!! É um prazer vê-la se divertindo, e divertindo a platéia, com a facilidade com que canta. Gustavo, responsável pelo projeto, sabe o que está dizendo, e interpreta as canções nos fazendo crer que o texto apenas foi musicado, quando na verdade, a música é que foi textualizada. Eu não gosto do número de platéia.

O figurino está meio óbvio, vermelho para o malandro, brocados para a mulata. Mas tudo é tão bem confeccionado, tecidos leves que permitem aos atores se expressar sem se preocuparem com o figurino, que a obviedade citada acima não incomoda em nada. A luz é muito bonita. Preenche o espaço, ilumina, dá vida, dá clima, dá ambiente e marca claramente as passagens de humor entre os personagens. O cenário é bom. Não gosto dos baldes com luzes dentro, assim como os raladores em escada. A idéia é boa, mas, não sei, não é bonito visualmente.Mas nem tem que ser, porém precisava ser mais bem explorado. Porém a laje, com caixa dágua, e a aparição da cama de casal, são a alegria do cenário. Acho q bastava a laje, a cama e um belo céu estrelado (que existe, mas é tão feio...) porém, nada atrapalha o bom andamento da peça. A luz dentro dos baldes funciona, mas precisa aprimorar essa idéia.

Deixei por fim a direção do João Fonseca. Geinal. O espetáculo é a direção do João e as vozes de Soraya e Gustavo. Com maestria e competência, João Fonseca traduz em marcas bonitas e criativas as passagens de humor dos personagens e conta a história deste amor de uma maneira simpática e inteligente. Tem uma canção em que a cena se alterna entre os cantores e os músicos, o que pra mim é uma das melhores já vistas em musicais. Parabéns.

O único problema da peça, e aí ninguém tem culpa, é o Teatro Veneza. Um local frio, com poltronas gigantes, que afasta o público do palco, apesar de ficarmos bem perto. Mas não é um lugar para teatro. Só para shows. Embora este musical seja mais show que teatro, ainda sim, o espaço não é aconchegante. O que fazer? pintar tudo de preto, ou marrom, ou alguma cor escura para que todas as atenções sigam para o palco. Maiores reclamações no blog de dona Herina Cervica, uma velha amiga minha...

Vá ver. Sempre é válido.

Já já tem mais.

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