sexta-feira, 1 de maio de 2009

A FARSA DA BOA PREGUIÇA



To entrando em casa, ainda no calor dos aplausos da peça A Farsa da Boa Preguiça, de Ariano Suassuna, no SESC Ginástico. Como todo Auto que se preze, Deus e o diabo mandam e desmandam na vida dos seres humanos, tudo temperado com os sete pecados. A história de Ariano Suassuna ainda traz o que eu mais adoro em teatro: tudo em versos rimados! Isso é que é criatividade! É um misto de repente com poesia de cordel, uma delicia. Ri muito.

A direção é do experiente e talentoso João das Neves. Marcas bem intrressantes, explorando a qualidade que cada ator pode ter para contribuir nao só para o personagem que defende, mas defender acima de tudo a história que estão contando. A harmonia entre toda técnica da peça é o mais impressionante do espetáculo. Direção irrepreensivel. Anotem ai. Vai ter Shell na peça.

Outro Shell é para o figuirno de Rodrigo Cohen. Uma pesquisa, uma riquesa de detalhes, um exageiro de coloridos e degradês que encantam nao só ao público, mas principalmente aos atores. Eles estao felizes à beça por usar um figurino tão lindo e caprichado. Tudo com referencias nordestinas. Nao falta nada, tá tudo lá. Rendes nas mangas e nas golas, fitas nas saias, acabamento impecável de costura. Um primor. Todo figurinista e amante da moda deve ver a peça.

O cenário do Ney madeira é lindo! Cheio também de tecidos como referencias nordestinas e da literatura de cordel, ajuda a localizar o elenco e o publico no tempo e no espaço e tudo que é necessário para contar aquela história é muito bem construído e rico em detalhes locais. Impossivel nao deixar de falar dos bonecos mamelungos, de Gil Conti e da Io Io Teatro de Titeres. Quase a cara dos atores-personagens, os bonecos estão muito bem inseridos na trama e muito bem manipulados pelo elenco.

A luz do Paulo Cesar de Medeiros é bonita. Nada de novo no front, mas também nao precisa mais do que isso. Destaco a guirlanda de lampatinhas bolinhas coloridas que enriquecem todo o cenário.

A direção musical é do premiado Alexandre Elias que consegue fazer o publico quase cantar com suas melodias recheadas de zabumba, sanfona e triângulo. Deliciosas todas as musicas.

E é o elenco que dá um show em cena. Brincando com riquissimos personagens. Destado, nesta ordem, do brilhante genial para o maravilhoso impecável: Bianca Byington, Guilherme Piva, Vilma Melo, Daniela Fontan, Leandro Castilho, Ernani Moraes, Flavio Pardal e Francisco Salgado. Ótimos todos. Mas sem sombra de duvida, Bianca e Piva são os donos do palco.

Uma das cenas mais lindas ja vistas por mim em teatro, vi hoje na peça. Ao final, os "anjos" que chegam dos céus para "arrumar" a casa dos humanos, voltam lá pra cima. Mas quem sobe são os bonecos. Emocionante. Só vendo pra saber o que quis dizer.

Espetáculo imperdível. Vá ver, se emocionar e se divertir.
Abraços,

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