sexta-feira, 5 de junho de 2009

O FILHO DA MÃE

Quando um assunto vira uma peça de teatro de sucesso, parece que algumas pessoas querem pegar carona na cauda do foguete. E algumas peças caroneiras conseguem alçar vôos proprios com propriedade e independencia. Falar sobre mãe é mais do que batido, mas a forma de se falar desse assunto é que transforma este ou aquele episódio teatral, o famoso "diferencial", em alguma coisa nova e divertida e emocionante.

Fui assisti ao espetáculo "O filho da mãe", que estava em cartaz no Teatro Ipanema. E deve, com certeza, passar para algum outro teatro muito em breve. A peça, escrita pela Regiana Antonini é a historia de uma mãe que mora com o filho e, como toda mãe que se preocupa com a felicidade do filho, acaba por mimá-lo e quase sufocá-lo. Com pequenas passagens de tempo, pontuadas por objetos encontrados durante a arrumação da mala de viagem do filho, a peça conta uma pequena passagem na vida desses cumplices, amigos, confidentes, controladores, enfim, amigos apesar de mãe e filho, que têm uma estrada, cada um no teu tempo, ainda a percorrer pela frente. É claro que algumas piadas foram escritas para arrancar o riso a qualquer preço da platéia, e as vezes fica um cadinho de mais da conta, uai, o excesso de vontade de fazer graça.

A peça eu digo, com todo carinho, q começa a pegar o espectador depois do primeiro 1/3 do espetáculo. Até lá, a gente fica um pouco com birra daquela mãe louca, que pensa, é inteligente e lança questões. No segundo terço da peça a gente ri de se acabar com a cena da mãe bebada e do teste da revista pra saber se o filho é ou nao é gay. E no terceiro terço, a gente se emociona, torce por eles, quer a felicidade, se lembra da nossa mãe. E como a peça é uma comédia, tem um final surpreendente, inteligente e... que lança questões.

Dentre os pontos positivos da peça, estão a propria autora, e atriz, Regiana Antonini, divertidissima como mãe, do também talentoso Pedro Nercessian. Palmas também para os deliciosos e espalhafatosos figurinos do Marcelo Marques para a mãe. Mostra bem a loucura e a suavidade que é aquela mãe. Ah, outro ponto mais que positivo, e que eu adoro, é a existencia do bordão. Depois da terceira vez que o bordão é dito, a platéia já fala sozinha, basta o personagem começar a falar.

Uma sugestao para a direção é arrumar aquela mesa cheia de copos, laptop, flores... os copos chegam em uma cena e ficam até o fim. Poderiam ser retirados sem problema, pois a mae entra e sai de cena diversas vezes. Outra sugestão é marcar mais as passagens de tempo, pois nao é só o figurino que consegue nos fazer entender que voltamos ao tempo. Um trabalho mais em cima da luz ou da sonoplatia ia auxiliar na compreensao dessas mudanças. E também como sugestão, usar mais o belo cenário do Marcelo Marques, pois tem muita beleza pra ser apenas uma composição.

Sem dúvida o patrocínio recebido foi muito bem empregado. Nós da platéia vemos que ali tem diversos trabalhos com o objetivo de colocar a peça em cartaz com qualidade e talento. Existe um trabalho caprichado, de bom gosto, feito com carinho e respeito ao publico. Eu me emocionei, eu ri, me diverti e, se voce gosta de um espetáculo leve para esquecer seu dia-a-dia, vá ver a peça e com certeza, saia de lá lançando suas proprias questões.

Até a proxima.

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