segunda-feira, 12 de abril de 2010

DONA OTILIA E OUTRAS HISTÓRIAS

Foto: Vera Karam.

Depois que assisti ao espetáculo "Dona Otilia e outras histórias", corri para a internet a fim de pesquisar quem seria Vera Karam. Me deparei com sua data e local de nascimento e, infelizmente, com a sua data de falecimento. Descobri uma pessoa que eu gostaria de ter conhecido pessoalmente depois que li o que disse Zeca Kiechaloski em artigo publicado no blog "MAIS TEATRO" (tem li7nk ali do lado) ao se referir a amiga Vera Karam: "Nossas gargalhadas eram sempre fora de hora. Só achávamos graça naquilo que os outros não. De preferência, besteiras. Coisas que nos lembravam outras, que remetiam a outras, e assim por diante. E uma risada engrenava em outra, até pararmos exaustos ou obrigados pelas circunstâncias."

( http://maisteatro.blogspot.com/2009/10/semana-de-homenagem-vera-karam.html )

Amizade é assim, a gente nem precisa completar o pensamento e já vem a gargalhada. É o que atualmente chamamos de "piada interna", onde só os amigos caem na risada e o resto em volta fica com aquela cara de "não entendi nada". Pois não é que durante a apresentação tive uma crise de riso daquelas? Me imaginei em algumas daquelas situações, estando ao lado de amigos e caindo na gargalhada em momentos inoportunos, tal qual o Zeca se refere. Amizade e amor incondicional. É disso que o mundo precisa. E pra melhorar, depois da peça fui me encontrar com meus grandes amigos para rirmos muito, claro.

Vera Karam está muito bem representada por três textos seus para teatro e mais um elo de ligação entre os textos. Não vou falar sobre os textos. Tem que assistir à peça para saber do que falo aqui. Vera tem um bom humor inteligente, uma criatividade no uso de palavras que permite aos atores saborearem o texto como se estivessem comendo o melhor dos mousses de chocolate. Consegue nos fazer rir, ter compaixão, prever o futuro, gargalhar e pensar se no meio dessa bobagem toda não tem muita seriedade sendo dita.

A direção da peça é do Gilberto Gawronski. Segura e muitas vezes cronometrada. Indica o caminho e orienta a colocação dos atores na sala de espetáculo e os objetos de cena. Faz quem não está em cena servir de apoio para o que está sendo dito. Amplia os horizontes da platéia, todos conseguem entrar nas histórias e participar delas. Atenção para a cena da loja de flores. Pelos meus olhos, existe uma demora em se colocar todas as flores no chão do palco, o que esfria um pouco o resultado esperado para a cena.

Não temos muito cenário. Mas uma bela projeção no piso branco faz a ilustração de algumas cenas e dá ao iluminador a possibilidade de brincar com a luz sobre rosas vermelhas, imaginar vitrais azuis com o sol de fim de tarde entrando pela suite de uma casa de dois andares, ou ainda, delimitar a entrada de uma loja de flores. Uma linda e criativa luz. E também não nos é dito sobre quem criou o figurino, mas acredito que tenha sido a propria direção, assim como a bonita trilha sonora.

Os atores, totalmente integrados ao texto, dão vida a personagems extremamente reais, onde a palavra é o que importa. Gilberto Gawronski nos traz um correto mordomo, um velho apaixonado emocionante e um espectador incomodado com a cena que presencia. Sávio Moll nos faz torcer pela sua liberdade como o marido mais novo, e, hilariante, nos faz acreditar que pequenas regalias como mandar o boy comprar um tiquet seja uma coisa abominável. Leticia Isnard representa uma atriz, que usa-se do vocabulário teatral para falar sobre suas relações e como uma vendedora de flores, quase cede aos apelos do senhor que tenta relacionar-se com ela.

E, o que é Guida Vianna? Ela está DANDO UM SHOW (em caps lock, como gosta o Bial) como Dona Otilia, a toda poderosa que "comprou" um namorado mais novo, e como a HILÁRIA senhorinha de teatro que está ali para qualquer briga que se faça necessária! Guida Vianna é a dona da peça. Sua entrada faz com que a platéia pense "lá vem ela". No dia que assisti, alguns famosos estavam santados próximos a mim e pude ver dona Marilia Pêra se contorcer de rir com Guida Vianna. Quer melhor aval do que este?

É claro que a peça tem altos e baixos. Baixos, pois, como diz o programa, o texto de Vera Karam mostra a vida como ela é, com seus momentos de serenidade e reflexão, momentos de riso de canto de boca e momentos de gargalhada extrema. Altos, pois não dá para deixar de rir das situações hilariantes do nosso dia a dia.

Sou fã de Guida Vianna e de Gilberto Gawronski. To sempre presente nas platéias de seus espetáculos e, para os fãs antigos e futuros fãs, recomendo que assistam a este simpático espetáculo. Parabéns à produção de José Luiz Coutinho, impecavel.

Abraços.

P.S - eu tinha posto outra foto aqui, mas o carissimo Marcelo Adams me corrigiu a tempo de não ser apedrejado! Obrigado, rapaz! Mas... será que essa é dela?? Oh, my God... Oremos!

4 comentários:

Marcelo Ádams disse...

Amigo, esta foto que ilustra teu post NÃO É DA VERA KARAM. Procura melhor que tu achas. No ano passado, em outubro, organizei uma homenagem à Vera em Porto Alegre, junto à Secretaria da Cultura.

Marcelo Aouila disse...

Marcelo, obrigado!
Troquei a foto antiga, será que essa é ela?? Tem poucas fotos de Vera Karam e tem várias espalhadas pelo mundo (???) Abração e obrigado!

Marcelo Ádams disse...

Agora sim, essa é a nossa querida Vera Karam, nascida em Pelotas (RS), em 20 de outubro de 1959!
Abração, xará!

Marcos Andrade disse...

A GUIDA É MESMO SHOW...