terça-feira, 10 de maio de 2011

MULHERES ALTERADAS

Que me perdoem todas as mulheres do mundo, e sei que vou tomar pedrada, mas mulher alterada é uma redundância! Qual não é ou qual não está? A verborragia feminina é algo que me impressiona demais! Os homens são um tantinho mais silenciosos, e isso deve irritar profundamente suas companheiras. Lembro da minha avó que, ao telefone com a mamãe, e aos gritos, dizia “Eu to sozinha!” e ao seu lado, seu marido bundão caladinho. Ele não dava uma palavra. Era a própria Pombinha Abelha ao lado do marido. Uma mulher alterada.

Assisti à peça Mulheres Alteradas, no Teatro Clara Nunes. Esta é a adaptação de Andrea Maltarolli (1962-2009) para histórias de Maitena. A argentina Maitena Burundarena tem fãs pelo mundo por conta de com seus quadrinhos sobre o universo feminino e se popularizou através de uma personalidade incomum, aquela loura descabelada roendo unhas. Maitena, a personagem, tem exata noção de quanto pode perturbar o sexo oposto quando se “altera”.

O texto precisa de uma costura melhor. As cenas soltas, que mais parecem mesmo tirinhas, quadrinhos, faz com que pequenas cenas se sobreponham ao todo do espetáculo. Uma leve costura entre as amizades das protagonistas não é suficiente para prender a atenção, por tempo integral do público, que às vezes ficava com um riso amarelo nas cadeiras do teatro.

Talvez por falta de ritmo, a peça tenha se perdido um pouco ao longo do tempo em que está em cartaz e a ausência de Adriane Galisteu, no dia em que fui assistir, deu uma broxada geral no público. Não havia informações na bilheteria sobre a troca de Galisteu pela Ótima e Competente Cibele Larrama, mas a decepção foi grande.

A direção de Eduardo Figueiredo pode ser fiel ao espírito das chages, mas a exploração do meio do palco é constante. Sem o apoio de uma cenografia, o diretor fica limitado. Como sugestão, projeções simples no fundo do palco fariam a peça ficar muito mais interessante.

O elenco formado por Luiza Tomé, Mel Lisboa e Cibele Larrama é competentíssimo e sem duvidas é o ponto alto do espetáculo. As atrizes estão totalmente à vontade em seus papéis e conduzem as cenas e a história da amizade com segurança. Todas se destacam em alguma parte da montagem e todas são muito felizes em suas interpretações. A participação de Daniel Del Sarto é excelente. Faz um adolescente que cativa a platéia e é suporte para as implicâncias com os homens.

A banda formada por uma bateria, um piano e um contra baixo dão o tom do espetáculo e a direção musical da peça é um acerto total.

Os pontos que mereciam mais capricho são o figurino e a iluminação. Claro que esta ultima prejudicada pela alta rotatividade dos teatros de shoppings do Rio, mas o figurino merecia um capricho maior, mesmo se o objetivo fosse imitar as tirinhas. Faltou criatividade tanto nas roupas quanto na luz.

Durante a peça ouve-se diversas e diferentes mulheres rindo por motivos que tocam a cada uma delas. Mas não houve uma gargalhada generalizada, só nas cenas do adolescente e de Mel Lisboa. É uma diversão para todas as mulheres entre 25 e 55 anos, e todos aqueles que curtem ver as próprias mulheres tirarem um sarro das suas alterações diárias!

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