segunda-feira, 3 de outubro de 2016

CLARICE LISPECTOR E EU - O MUNDO NÃO É CHATO
















Trabalhamos juntos na peça “Avós, mulheres e couves portuguesas”, uma adaptação para teatro de um livro de uma amiga. Joana Lebreiro brilhantemente dirigiu a peça e foi dela a indicação para convidar Rita Elmôr a participar. Eu já a conhecia de outro espetáculo e foi admiração à primeira vista. Na peça, Rita trazia a força da mulher balzaquiana ao interpretar Nana Pirez, uma portuguesa.

Tive, ainda, o prazer de assistir Rita em Pai, espetáculo solo no Galpão do Espaço Tom Jobim. Mais um show de Rita. E minha admiração e respeito só aumentaram.

Está em cartaz no Teatro Poeirinha, de quinta a domingo, até fim de outubro, o espetáculo ”Clarice Lispector e eu – o mundo não é chato.” . Misturando histórias de vida de Rita e contos de Clarice Lispector, a mistura é tão bem feita que não sabemos onde começa a Clarice e onde termina Rita.  A fusão das duas começa com a ótima história sobre um retrato de Rita Elmôr, caracterizada de Clarice que, até hoje, é confundido como sendo de Clarice. Na época da foto, Rita interpretava a escritora e foi premiada pelo seu ótimo trabalho.

No palco, a projeção mapeada e as duas cadeiras – criação de Paulo Denizot – servem de apoio para as histórias. O figurino de Mel Akerman não poderia ser mais bonito e elegante. A luz, também de Denizot, contribui para a definição dos espaços cênicos e para a delicadeza do espetáculo.

Rubens Camelo é o diretor. Com marcações bem definidas, gosto muito da preocupação em valorizar o texto e as nuances das palavras, gosto mais ainda de ficar na dúvida se aqui é Clarice ou se é Rita. Acerto para a velocidade em certos textos e calmaria e silêncio ilustrado por projeções. Destaque para a cena em que a personagem dá carona a uma outra mulher durante um temporal em Copacabana.

Rita está linda e excelente em cena. Solta, segura e esperta, tem o domínio da plateia, do texto e do palco. Tudo está sob seu controle e não há um deslize sequer. Todas as palavras são aproveitadas com clareza e entonação, que nos faz querer saber mais de Clarice, querer abraçar e ser amigo de Rita. É um prazer ver a sua garra, talento e competência cênica fazendo do pequeno teatro Poeira um universo de criatividade e imaginação.

Clarice Lispector, traduzida hoje para meio mundo, está entre os 100 escritores mais lidos na nossa era. O mundo está descobrindo Clarice. E Rita Elmôr está nos dando de presente a chance de conhecer, a fundo, e com inteligência, o poder de Clarice e os motivos que a tornam tão genial.


“Clarice Lispector e eu – o mundo não é chato” é um dos melhores espetáculos de teatro em cartaz na cidade do Rio de Janeiro. Corra e garanta já seu ingresso, pois são poucos lugares por apresentação e a casa já está cheia! Rita Elmôr está brilhante e o espetáculo é imperdível. Aplausos de pé.

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